terça-feira, 8 de março de 2011

De volta aos tempos da Ditadura Militar

Texto e foto Aglécio Dias


É o que parece está acontecendo na cidade de São Paulo nos últimos meses onde a população paulistana, principalmente aquelas que moram em áreas de riscos e carentes de todo tipo de assistência que, na maioria das vezes não conseguem ver seus anseios supridos. Tentar com que uma simples queixa seja ouvida em órgãos públicos se tornou um desafio para muitas pessoas.

Por conta disso é que, moradores que pagam seus impostos, que estão em dias com suas contas, mas não tendo mais a quem recorrer partem para atos radicais como os protestos como forma de chamar atenção do poder público. Esses atos, porém parecem ser vistos pelos administradores como “coisa de subversivo”, ou de “comunistas assassinos”. Só com esse pensamento para explicar a forma como a Prefeitura da Capital vem lidando com esses grupos nos últimos dias. De maneira dura, intolerável e com total desrespeito aos direitos humanos.

Infelizmente virou rotina ver na televisão manifestações acabarem em conflitos violentos com a polícia que, em muitos casos sequer ouvem os manifestantes e já chegam agredindo. Foi que ocorreu recentemente em um movimento no centro da Cidade quando um grupo de manifestantes fazia uma passeata em frente á Prefeitura contra o aumento das passagens de ônibus. Na ocasião foram recebidos pela Tropa de Choque da Policia Militar que, usando cassetetes, bombas e spray de pimenta não respeitaram nem mesmo os vereadores que participavam do evento.

O caso mais recente desta forma truculenta de ouvir as comunidades aconteceu no ultimo dia 02 de março, quando um grupo de moradores do Jardim da Conquista em São Mateus, que, ao fazer um ato de protesto contra o descaso da Dersa com relação aos estragos causados na região por conta das obras de extensão da avenida Jacu-Pêssego, foram violentamente dispersados pela “eficaz” Tropa de (Elite) Choque que, sempre munidos de muito gás de efeito moral e balas de borracha atiraram a vontade na população sem ao menos se preocupar com os idosos, mulheres grávidas e muitos menos com mães com crianças no colo que estavam no local passivamente acompanhando o movimento.

O resultado desta desastrosa operação foi a prisão de três jovens ligados á um grupo de teatro do Jardim da Conquista que ao chegar na delegacia de número 49 em São Mateus, foram liberados, após o delegado de plantão entender que não havia motivos para mantê-los presos.

domingo, 6 de março de 2011

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Vida de Repórter II

Cobertura do desfile das Escolas de Samba de São Paulo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Vida de Repórter

Por Aglécio Dias

Quando entramos para a faculdade para estudar jornalismo, na grande maioria das vezes, ficamos com aquela empolgação de estudante, maravilhados com o mundo jornalístico que principalmente a televisão nos mostra. Os programas jornalísticos com aqueles apresentadores apresentáveis, com seus cabelos penteados a lá gel brilhantina, em suas roupas impecáveis e tudo o mais faz muita gente sonhar. Muito estudante também se deixa influenciar pelos Carl Bernstein e Bob Woodward dos muitos casos Watergate da vida, mas com o tempo e principalmente com o trabalho do dia a dia da profissão, você começa a perceber que a realidade é outra, as balas de borracha atirada pelos policiais machucam de verdade, as bombas de gás dão uma sensação de angústia, de falta de ar e nos deixam cegos por momentos. Sem falar de alguns filhos da puta que, se aproveitando do nosso esforço para tentar captar uma boa imagem, ou ouvir os depoimentos das pessoas , tentam de maneira sorrateira nos furtar algum equipamento ou outras coisas.

Foi algo parecido com isso que me aconteceu outro dia quando estava cobrindo uma manifestação de moradores no Jardim da Conquista em São Mateus, zonas leste de São Paulo, quando a Policia Militar entrou em confronto com a população local que colocaram fogo em pneus, e madeiras, fechando a principal via de acesso para o bairro. A policia Militar, sempre muito eficaz quando o assunto é bater (Parece que é o que aprende a fazer melhor) usou seus brinquedinhos, gás de pimenta, balas de borracha e bombas de efeito moral contra uma população de crianças, idosos, jovens e mulheres que, em um ato radical tentavam chamar atenção das autoridades públicas para alguns dos muitos problemas que vem sofrendo há vários anos.

Eu, como qualquer outro repórter tentava fazer meu papel, quando um “espertinho” aproveitando minha distração (ou concentração de mais) passou a mão em minha câmera fotográfica e como dizem,”vazou” com ela correndo pelas ruas estreitas e eu como um louco correndo atrás desesperadamente até conseguir alcançá-lo e resgatar o equipamento. Afinal todas as fotos que tinha feito da manifestação estavam armazenadas ali.

O pior é que tudo isso aconteceu em um dia chuvoso, que eu estava com muita febra, dor de cabeça e o nariz parecendo uma das Cataratas do Iguaçu.

É, são ossos do ofício,