sexta-feira, 4 de março de 2011

Vida de Repórter

Por Aglécio Dias

Quando entramos para a faculdade para estudar jornalismo, na grande maioria das vezes, ficamos com aquela empolgação de estudante, maravilhados com o mundo jornalístico que principalmente a televisão nos mostra. Os programas jornalísticos com aqueles apresentadores apresentáveis, com seus cabelos penteados a lá gel brilhantina, em suas roupas impecáveis e tudo o mais faz muita gente sonhar. Muito estudante também se deixa influenciar pelos Carl Bernstein e Bob Woodward dos muitos casos Watergate da vida, mas com o tempo e principalmente com o trabalho do dia a dia da profissão, você começa a perceber que a realidade é outra, as balas de borracha atirada pelos policiais machucam de verdade, as bombas de gás dão uma sensação de angústia, de falta de ar e nos deixam cegos por momentos. Sem falar de alguns filhos da puta que, se aproveitando do nosso esforço para tentar captar uma boa imagem, ou ouvir os depoimentos das pessoas , tentam de maneira sorrateira nos furtar algum equipamento ou outras coisas.

Foi algo parecido com isso que me aconteceu outro dia quando estava cobrindo uma manifestação de moradores no Jardim da Conquista em São Mateus, zonas leste de São Paulo, quando a Policia Militar entrou em confronto com a população local que colocaram fogo em pneus, e madeiras, fechando a principal via de acesso para o bairro. A policia Militar, sempre muito eficaz quando o assunto é bater (Parece que é o que aprende a fazer melhor) usou seus brinquedinhos, gás de pimenta, balas de borracha e bombas de efeito moral contra uma população de crianças, idosos, jovens e mulheres que, em um ato radical tentavam chamar atenção das autoridades públicas para alguns dos muitos problemas que vem sofrendo há vários anos.

Eu, como qualquer outro repórter tentava fazer meu papel, quando um “espertinho” aproveitando minha distração (ou concentração de mais) passou a mão em minha câmera fotográfica e como dizem,”vazou” com ela correndo pelas ruas estreitas e eu como um louco correndo atrás desesperadamente até conseguir alcançá-lo e resgatar o equipamento. Afinal todas as fotos que tinha feito da manifestação estavam armazenadas ali.

O pior é que tudo isso aconteceu em um dia chuvoso, que eu estava com muita febra, dor de cabeça e o nariz parecendo uma das Cataratas do Iguaçu.

É, são ossos do ofício,

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