por Ricardo Brito
e Débora Álvares - Agência Estado
Aliados da
presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional reagiram nesta quarta-feira às
declarações do ex-ministro Ciro Gomes (PSB) que, em entrevista nesta
terça-feira, 23, a uma rádio de Fortaleza, afirmou que a aliança política de
sustentação do governo está assentada na "putaria", na
"fisiologia", na "roubalheira" e no
"clientelismo". Eles atribuíram a postura "agressiva" de
Ciro a uma estratégia para voltar à cena pública após amargar um período de ostracismo.
"O Ciro
expressou a opinião dele, como uma pessoa transparente que é", afirmou,
lacônico, o líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF). Apesar das declarações
públicas de Ciro, que fez questão de frisar que continua aliado do governo,
líderes da base aliada preferiram criticar a conduta do socialista
reservadamente.
Um líder
governista disse que, com essas declarações, Ciro mostra não ter qualquer
preparo para o jogo político, mesmo tendo ocupado cargos de destaque
nacionalmente e concorrido à Presidência da República em duas ocasiões. Segundo
esse parlamentar, o socialista deixou de ser a grande referência do PSB,
preterido pelo atual governador e presidente do partido, Eduardo Campos,
pré-candidato ao Palácio do Planalto. "É evidente que há um ressentimento
dele", declarou.
Correligionário do
ex-ministro, o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), discorda de que
ele tenha agido dessa forma como uma estratégia política. "O Ciro não
precisa disso para retornar à cena. Ele é um quadro político", destacou.
Rollemberg
amenizou a forma como o colega de partido se referiu a Dilma e ao governo,
destacando que o ex-ministro "sempre tem posições muito
contundentes". O parlamentar disse que "jamais colocaria as coisas
nesses termos", mas afirmou que isso é uma questão do "estilo"
do ex-ministro. "A crítica é legítima, mas de fato deveria ter sido dada
em outro patamar", ponderou o senador. "É fato que o governo está
enfrentando dificuldades que precisa superar, da articulação, de gestão,
precisa dialogar mais e ser mais ágil."
O vice-líder do
PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), afirmou que a crítica de Ciro faz parte da
cultura política brasileira do "oportunismo". Com a queda da
popularidade da presidente, disse o tucano, os governistas se arvoram em
criticar. "Até a mobilização popular, ouvíamos o discurso ufanista de
forma reiterada, mas depois que ela saiu do céu para o inferno em 15 dias, os
questionamentos apareceram", afirmou.
Alvaro Dias
concordou com a manifestação de Ciro segundo a qual a oposição é fraca igual a
"caldo de bila" (caldo de tempero ralo com muita água). "Não
discordo que a oposição seja fraquinha, ela é fraquinha, mas ela é filha deste
modelo baseada em governos corruptos e incompetentes", disse ele, para
quem há uma operação desde o início dos governos comandados pelo PT para
asfixiar a oposição a partir de um "balcão de negócios" para trazer
todos os políticos para a base aliada.
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