por
Ricardo Kotscho
O
menor dos problemas de Marina Silva no momento é conseguir completar as 491.656
assinaturas necessárias para registrar a sua Rede Sustentabilidade como
partido até o próximo dia 5 de outubro no Tribunal Superior Eleitoral.
Até
agora, a RS conseguiu certificar cerca de 200 mil assinaturas nos cartórios
eleitorais, das cerca de 850 mil que afirma ter coletado, como Marina informou
em entrevista coletiva neste domingo, após seu nome aparecer em
segundo lugar no Datafolha, subindo de 23% para 26% e confirmando
que, mesmo sem partido, a ex-senadora do PT é até agora a principal
opositora da candidatura de Dilma Rousseff à sucessão.
Digamos
que, por algum milagre, a vice-líder nas pesquisas consiga nestes menos de dois
meses que restam para o prazo fatal do TSE certificar as quase 300 mil
assinaturas que faltam para o registro do partido e possa então ser candidata
pela segunda vez à Presidência da República com um partido para chamar de seu.
E
digamos ainda que, no correr da campanha, Marina ultrapasse Dilma e seja
eleita. Aí sim começariam seus problemas mais sérios. Quando foi lançada,
a RS esperava contar com pelo menos 20 deputados nesta legislatura, o que já
seria quase nada numa Câmara com 513 parlamentares. Mas, até agora, apenas três
estão realmente empenhados em criar o partido, todos sem muita expressão: os
deputados federais Alfredo Sirkis (PV-RJ), Walter Feldman (PSDB-SP) e Domingos
Dutra (PT-MA).
Em
2010, quando foi candidata do PV em aliança com outros nanicos, Marina teve 20
milhões de votos e levou as eleições para o segundo turno, mas agora não há no
horizonte nenhuma coligação partidária em vista, nem mesmo com seus antigos
parceiros verdes.
Sem
palanques, sem bancadas fortes nos Estados, como e com quem a ex-senadora
montaria seu governo caso seja eleita? Só tem um jeito: seria se aliar com
partidos como o PMDB, que apoiam qualquer um, e outros do gênero, a escória da
política que ela tanto rejeita e tem-lhe servido de diferencial para capturar
os votos das massas indignadas dos protestos. Se for para ser assim, então para
que ganhar?
Conheço
muita gente como eu, que admira e simpatiza com Marina, e até poderia votar
nela, desde que não tenha chances efetivas de ganhar, exatamente porque
governar o Brasil exige um mínimo de condições concretas para uma administração
ficar de pé, não só em termos de alianças políticas, mas também de vínculos com
os diferentes movimentos sociais. Mais difícil é encontrar alguém que
consiga entender e explicar em poucas palavras quais são os reais objetivos de
um possível governo Marina e no que ele seria diferente daqueles que tivemos
até hoje.
Os
únicos apoios visíveis da vice-líder nas pesquisas até agora vieram de duas
grandes empresas, uma do ramo de cosméticos e outra da área das altas finanças,
além de alguns setores da grande mídia, que já não confiam na oposição
demo-tucana e estão em busca de um candidato, qualquer um capaz de derrotar o
PT.
Marina
subiu 10 pontos no Datafolha depois das manifestações de junho, foi a que mais
ganhou com os protestos "contra tudo e contra todos", mas isso não
foi suficiente para capturar nenhum apoio político-partidário-eleitoral até
agora. O quadro partidário é este que está aí, gostemos ou não, com cerca de 30
siglas, e nada indica que novidades surjam até outubro, até porque é possível
importar médicos, mas não políticos. A não ser que alguém ache realmente viável
termos um país do tamanho do Brasil governado "sem partidos e sem
políticos", como pregavam alguns cartazes no tsunami dos protestos.
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