O objetivo é garantir a segurança alimentar mundial
por Akemi Nitahara, Agência Brasil
Um
grupo de 25 cientistas do mundo inteiro terá dois anos para fazer pesquisas e
relatar experiências concretas que conciliem a produção agropecuária
sustentável para garantir a segurança alimentar mundial. A iniciativa, lançada no
Rio de Janeiro, pretende unir pesquisadores, governos e empresas em torno do
bem comum. De acordo com Emile Frison, diretor-geral da Bioversity
Internacional, organização de pesquisa sem fins lucrativos com sede em Roma,
que lidera o projeto, a novidade da Agriculture and Conservation Initiative é a
união entre pesquisadores de sustentabilidade e dos setores produtivos para
buscar soluções integradas.
“O
próximo passo é fazer realmente os cientistas trabalharem juntos. Nós temos
essa organização de alto nível que pode fornecer importantes políticas de
volta. Mas nós precisamos que esses cientistas construam evidências
científicas. Eles devem tentar congregar tudo que nós sabemos sobre iniciativas
que funcionam para diferentes paradigmas de agricultura”, disse.
O
presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS),
Israel Klabin, que participou do evento, declarou que o Brasil tem papel de
liderança nessa área, pois o país “é a capital mundial do capital natural”, com
todos os recursos naturais na maior plenitude e tem trabalhado com realismo na
questão. Para Klabin, é importante que o setor produtivo não deixe de lado a
questão ambiental e caminhe para uma economia sustentável.
“Nós
estamos vivendo um momento de crise em todos os setores do planeta. Na verdade os
sistemas de produção estão indo relativamente bem, mas a inserção deles na
realidade planetária e no excesso de uso do capital natural, faz com que nós
procuremos uma regulagem entre produção e meio ambiente, o que se trata aqui é
exatamente isso, como é que nós podemos continuar a produzir e ao mesmo tempo
respeitar os limites que a natureza nos oferece, para que nós possamos fazer
com que os bens naturais herdados do passado possam ser passados para os nossos
filhos da mesma maneira que nós recebemos”.
O
presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício
Lopes, destacou que o Brasil avançou muito nessa área nos últimos 40 anos, com
a criação de instituições de pesquisa e legislação. De acordo com ele, o país
superou o problema da insegurança alimentar e passou de importador para
provedor de alimentos, transformou grandes áreas de solo ácido em férteis,
desenvolveu um conceito próprio de agricultura tropical e construiu uma
plataforma de práticas sustentáveis.
“Nós
temos hoje mais de 30 milhões de hectares de áreas de plantio direto, onde não
mais revolve o solo, o que ajuda a resolver os problemas de erosão, de desgaste
do solo, perdas de nutriente. O Brasil é líder em fixação biológica de
nitrogênio, toda a soja brasileira é cultivada sem a aplicação de nitrogênio na
forma química. E nós estamos promovendo agora uma outra grande revolução na
agricultura brasileira, que é a integração de sistemas: lavoura-pecuária,
lavoura-pecuária-floresta, tudo combinado, que vai nos permitir um crescimento
vertical da produção brasileira”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário