Auditoria da CGU, por amostragem, revela que 73% das prefeituras desviam recursos do Fundeb, criado para melhorar gestão no setor
Fábio Fabrini, Estadão
Charge do Clayton para o jornal O Povo
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Principal entrave para a
melhoria do índice de desenvolvimento humano dos municípios (IDHM) no Brasil, a
qualidade da educação tem sido afetada por desvios e malversação de recursos
destinados pelo governo às escolas. Levantamento da Controladoria-Geral da
União (CGU) mostra que 73% das prefeituras fiscalizadas em 2011 e 2012
fraudaram processos de licitação para a compra de serviços e materiais de uso
na rede pública de ensino.
Os dados constam de
relatório sobre a execução de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que
transfere, anualmente, mais de R$ 100 bilhões para bancar salários de professores,
compra de equipamentos e manutenção de atividades como a merenda e o transporte
escolar.
Nos dois últimos anos, a
CGU fez auditoria em 64 municípios que usaram dinheiro do fundo, selecionados
por meio de sorteio. Em 46 deles, os auditores detectaram problemas nas
licitações, como direcionamento, montagem e até simulação dos processos de
competição.
O relatório indica que o
porcentual de municípios flagrados em situação de irregularidade aumentou. Numa
amostra de 120 prefeituras, fiscalizadas entre 2007 e 2009, 41% cometeram
fraudes nas concorrências.
O órgão de controle do
governo aponta vários outros problemas. Nos dois últimos anos, 70% dos
municípios fizeram despesas incompatíveis com a finalidade do Fundeb. Em 25%
dos casos, houve falhas na execução de contratos. É comum o uso do dinheiro sem
qualquer controle ou prestação de contas: 32% sacaram dinheiro do fundo na boca
do caixa.
Há situações em que a
retirada dos recursos foi feita pelo gestor pouco antes da posse de um novo
prefeito. O relatório também cita a contratação de empresas fantasmas para o
transporte escolar.
O relatório foi
apresentado nesta quarta-feira, um dia após a divulgação do IDHM. A CGU não
informou a lista de prefeituras que cometeram irregularidades.
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