Este é o espaço do encontro e do reencontro, da roda e da palavra, elementos tão caros à cultura africana. Em nome de todas as entidades… em nome da revolução brasileira… bem vindas/os a nossa casa. Axé!Racismo no Brasil? Faça o teste do pescoço!
Em
função do bom debate provocado em minha última publicação, onde relato a
campanha e faço a defesa da política de Cotas Raciais nas Universidades
Públicas Paulistas, em especial os comentários registrados na postagem do
facebook oficial da Carta Capital, ofereço aos que insistem em
negar a existência do racismo no Brasil, o texto dos meus amigos e
companheiros de luta antirracista Francisco Antero e Luh Souza. Mais que
pedagógico:
TESTE
DO PESCOÇO
Existe
racismo no Brasil? Faça o Teste do Pescoço e descubra.
1.
Andando pelas ruas, meta o pescoço dentro das joalherias e conte quantos negros
(as) são balconistas.
2.
Vá em quaisquer escolas particulares, sobretudo as de ponta, do tipo Objetivo e
Dante Alighieri, entre outras, espiche o pescoço para dentro das salas e conte
quantos alunos negros há . Aproveite, conte quantos professores são
negros e quantos estão varrendo o chão.
3.
Vá em hospitais, tais quais o Sírio Libanês, enfie o pescoço nos quartos e
conte quantos pacientes são negros. Gire o pescoço a contar quantos médicos
negros há . Aproveite para espichar bem o seu pescoço nos corredores e conte
quantos negros limpam as vidraças e servem cafezinho.
4.
Quando der uma volta em algum Shooping, ou no centro comercial de seu bairro,
gire o pescoço para as vitrines e conte quantos manequins de loja representam a
etnia negra consumidora. Enfie o pescoço nas revistas de moda , nos comerciais
de televisão e conte quantos(as) modelos negros (as) fazem publicidade de
perfumes, carros, viagens, vestuários e etc. Reflita acerca da auto e baixa
estima das crianças negras e brancas.
5.
Vá às universidades públicas, observe nos cursos mais concorridos da USP e
UNICAMP, torça o pescoço a procurar pelos negros e negras. Conte. Quantos são
professores, alunos e serviçais.
6.
Espiche o pescoço numa reunião dos partidos PSDB e DEM, como exemplo, conte quantos
políticos são negros desde a fundação dos mesmos. Depois faça uma reflexão a
respeito de alguns partidos serem contra todas as reivindicações das
comunidades negras, sobretudo as Cotas Raciais.
7.
Gire o pescoço 180° durante as passeatas dos médicos que protestam contra
os médicos estrangeiros, que possivelmente irão chegar, e conte quantos
médicos (as) negros (as) marcham.
8.
Meta o pescoço nas cadeias, nos orfanatos, nas casas de correção para menores e
conte quantos são brancos.
É mais fácil.
É mais fácil.
9.
Gire o pescoço a procurar quantas empregadas domésticas, serviçais, faxineiros,
favelados e mendigos são de etnia branca. Pergunte-se qual a causa dos
descendentes de europeus ou orientais não serem vistos embaixo das pontes, em
favelas, na mendicância ou varrendo o chão. Quando seus ascendentes chegaram ao
Brasil? Quando terminou a Abolição?
10.
Espiche bem o pescoço na hora do Globo Rural e conte quantos fazendeiros são
negros, depois tire a conclusão de quantos são sem-terra, quantos são sem-teto.
Gire o pescoço durante a exibição do programa Pequenas Empresas & Grandes
Negócios e conte: Quantos empresários são negros?
11.
Nos canais abertos de televisão, acessível à maioria da população pobre e
preta, gire o pescoço nas programações e conte quantos apresentadores,
jornalistas ou âncoras de jornal, artistas em estado de estrelato, são negros.
Onde as crianças negras se veem representadas? Pergunte-se se esta espécie de
racismo ocular é construtivo para a auto estima dos pequenos filhos de
determinada etnia?
12. Enfie
seu pescoço dentro das instituições bancárias e conte quantos negros são
gerentes, quantos são caixas e quantos são faxineiros.
13.
Vá num dos bairros mais caros de sua cidade, de seu estado, gire seu
pescoço pelas ruas, dentro das casas, no comércio. Quantos negros são
moradores? Quantos são seguranças e empregados domésticos ? Aproveite e torça
seu pescoço nos ‘melhores’ restaurantes, quantos clientes são negros?
Aliás, conte quantos ‘chef de cousine’ são negros?
Pergunte-se a diferença de salários entre estes últimos e as cozinheiras de maioria negra.
Aplique
o Teste do Pescoço no seu dia a dia, em todos os lugares, tire suas
próprias conclusões. Questione-se: somos de fato um país pluricultural,
uma ‘Democracia Racial’ tratados iguais e com as mesmas chances? Desde
quando existe esta diferença que você viu? Procure na História do seu país,
regresse 500 anos e encontre as respostas.
Fonte: Carta capital
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