Por
Josias de Souza
Clemilsom Campos/JC/Folha
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Isso
sim é que é organização eficiente! Um dia antes da propagação dos boatos que
empurraram a clientela do Bolsa Família para suas agências em pleno final de
semana, a Caixa Econômica Federal havia liberado,
de uma tacada, todos os benefícios das 13,8 milhões de famílias inscritas no
programa. Coisa de R$ 2 bilhões.
Repetindo:
numa sexta-feira, a Caixa antecipou o calendário das liberações do mês de maio.
E despejou dinheiro no sistema. Fez isso sem avisar nada a ninguém. Na manhã
seguinte, sábado, sobrevieram os boatos. O Bolsa Família vai acabar… Dilma
mandou pagar um benefício extra pelo dia das mães… No domingo, adensou-se o
sururu nas agências da Caixa em 13 Estados.
Na
segunda-feira, uma ministra petista apontou o dedo para a oposição. A
presidente da República chamou o boateiro de “desumano” e “criminoso”. E a
Caixa jactou-se de ter antecipado R$ 152,3 milhões a 900 mil pessoas. Modesta,
a casa bancária estatal absteve-se de dizer que liberara o numerário na véspera
da boataria.
A
Caixa só admitiu que havia executado os passos do seu balé premonitório depois
que os repórteres Aguirre Talento e Daniel Carvalho localizaram uma cliente do
Bolsa Família que sacara sua mensalidade 12 dias antes da data regulamentar.
Chama-se Diana dos Santos. Mora na cidade cearense de Caucaia.
“Recebo
Bolsa Família há anos e nunca pagaram antecipado”, estranhou Diana. “Aí achei
estranho, mas fiquei feliz e peguei o dinheiro. Acho que outras pessoas também
conseguiram receber antecipado, foram avisando aos conhecidos e virou essa
confusão”, disse.
A
Polícia Federal acaba de ganhar uma linha de investigação nova. Torça-se para
que a PF seja menos eficiente do que a Caixa. Do contrário, corre o risco de
sair absolvendo antes mesmo de investigar. Acaba virando uma Maria do Rosário
às avessas. Por ora, há na praça apenas uma certeza: de tédio a plateia não
morre!
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