Autor: Josias de Souza
Lula e Emir Sader. Foto: Ricardo Stuckert |
Lula compareceu na noite
passada ao lançamento do
livro “10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma”. Pretendia
ficar quieto. Ao defrontar-se com o microfone, não se conteve. Falou pelos
cotovelos, como se diz. Com atraso de dois meses, comentou notícia sobre
as viagens que fez ao exterior a soldo de empreiteiras.
“Eu não sou lobista, não sou conferencista, não sou
consultor. A única coisa que eu sou é um divulgador das coisas que eu fiz neste
governo. E o pessoal talvez fique preocupado porque eu cobro caro e não digo
quanto cobro.” Sem mencionar-lhe o nome, fez troça de FHC: “Se as pessoas pagam
para ouvir um governante fracassado, têm que pagar mais para ouvir um
bem-sucedido. Se quiserem saber quanto que eu cobro, me contratem. Na hora da
assinatura, fica sabendo.”
Informou também por que não cogita escrever suas
memórias. “Nenhum presidente pode escrever um livro de verdade, porque não pode
contar tudo o que aconteceu nas relações dele no mandato presidencial, as
conversas com os chefes de Estado, as reuniões ministeriais. [...] Então, seria
uma biografia meia-boca, daquelas [do tipo] ‘eu me amo’, só com virtude e sem
defeito.”
Como se vê, Lula evoluiu muito. Na Presidência, achava
que era Deus. Fora dela, tem certeza. Acima do bem e do mal, avalia que não
deve nada a ninguém. Muito menos explições. Autocrítica? Se pagarem muito bem,
ele faz. Mas só a favor, que das outras cuidam os amigos.
*Reproduzido
do blog do Josias de Souza
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