Foto: Aglécio Dias |
Que
a seca no Nordeste é um problema histórico todos sabemos. Lembro que quando
criança, morando e São Paulo, no início dos anos 80, assistia pela TV
reportagens sobre o assunto e ouvia dezenas de políticos
teóricos, historiadores, meteorologistas e uma infinidade de “especialista” com
suas “soluções salvadoras” para a situação. Hoje, com o longo período de
estiagem que acontece desde 2011, tenho acompanhado pelos veículos de comunicação
tupiniquins o mesmo discurso superficial e oportunista de 30 anos atrás. O
discurso é o mesmo, porém os lucros gerados com a chamada “indústria da seca”,
com certeza não.
Analisando algumas
experiências de combate a seca, principalmente no Ceará, percebo que, com
tantas tecnologias atualmente, a falta d’água e a morte de muitos rebanhos pode
ser mais uma questão de falta de informação e investimentos - tanto da
população quanto dos políticos e empresários - do que apenas problemas
climáticos.
Cito
alguns exemplos que, se trabalhados com dedicação, honestidade e falta de
interesse financeiro, poderia ajudar, e muito amenizar a situação:
- A transposição do rio São Francisco, um
projeto ainda do período colonial e que vem se arrastando por décadas, barrando
em burocracia e, quem sabe, casos de corrupção. Sem falar na preocupação com a
água não chegar a quem de fato necessita.
-
Poços artesianos são outra questão que poderia dar certo, não fosse o
desinteresse de muitos produtores que, por falta de informação
ou incentivos desistem do projeto ainda na primeira fase. Já onde os
projetos prosseguiram as experiências mostram uma realidade muito produtiva.
- O
reflorestamento ou a falta dele, assim como a exploração ano após ano do solo,
são problemas, talvez causados também pela falta de informação e
falta de investimento pesado em programas de desenvolvimento sustentável e
conscientização ambiental, que poderiam ser realizados pelas prefeituras e
sindicados, com apoio dos governos estadual, federal e empresários.
Foto: Aglécio Dias |
- E
as tais cisternas de plástico? Que mesmo antes de serem instaladas já causam
polêmicas e foram desaprovadas por entidades, que dizem que esse novo material
- produzido em larga escala por uma empresa que venceu a licitação – é menos
resistente e no caso de quebrar, é necessário fazer a troca total do
equipamento. No caso das cisternas de cimento, quando era danificadas os
próprios moradores da comunidade faziam o reparo.
E
com isso, de discurso e medidas paliativas entra governo sai governo
e nada de se buscar uma solução concreta e efetiva para o problema. Se cada um
fizesse a sua parte (principalmente os políticos) da mesma forma dedicada e
entusiasmada com que se articulam nos bastidores do poder para alcançar
objetivos e vantagens pessoais, talvez a situação no Nordeste fosse muito,
muito diferente.
É
bom pensar nisso, afinal ano que vem tem eleição outra vez, e por sinal a
campanha já começou.
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