segunda-feira, 13 de maio de 2013

Seca , o oportunismo de muitos



Foto: Aglécio Dias
Que a seca no Nordeste é um problema histórico todos sabemos. Lembro que quando criança, morando e São Paulo, no início dos anos 80, assistia pela TV reportagens sobre o assunto e ouvia dezenas de políticos  teóricos, historiadores, meteorologistas e uma infinidade de “especialista” com suas “soluções salvadoras” para a situação. Hoje, com o longo período de estiagem que acontece desde 2011, tenho acompanhado pelos veículos de comunicação tupiniquins o mesmo discurso superficial e oportunista de 30 anos atrás. O discurso é o mesmo, porém os lucros gerados com a chamada “indústria da seca”, com certeza não.


Analisando algumas experiências de combate a seca, principalmente no Ceará, percebo que, com tantas tecnologias atualmente, a falta d’água e a morte de muitos rebanhos pode ser mais uma questão de falta de informação e investimentos - tanto da população quanto dos políticos e empresários - do que apenas problemas climáticos.

Cito alguns exemplos que, se trabalhados com dedicação, honestidade e falta de interesse financeiro, poderia ajudar, e muito amenizar a situação:

 - A transposição do rio São Francisco, um projeto ainda do período colonial e que vem se arrastando por décadas, barrando em burocracia e, quem sabe, casos de corrupção. Sem falar na preocupação com a água não chegar a quem de fato necessita. 

- Poços artesianos são outra questão que poderia dar certo, não fosse o desinteresse de muitos produtores que, por falta de informação ou incentivos  desistem do projeto ainda na primeira fase. Já onde os projetos prosseguiram as experiências mostram uma realidade muito produtiva.

- O reflorestamento ou a falta dele, assim como a exploração ano após ano do solo, são problemas, talvez  causados também pela falta de informação e falta de investimento pesado em programas de desenvolvimento sustentável e conscientização ambiental, que poderiam ser realizados pelas prefeituras e sindicados, com apoio dos governos estadual, federal e empresários.

Foto: Aglécio Dias
- E as tais cisternas de plástico? Que mesmo antes de serem instaladas já causam polêmicas e foram desaprovadas por entidades, que dizem que esse novo material - produzido em larga escala por uma empresa que venceu a licitação – é menos resistente e no caso de quebrar, é necessário fazer a troca total do equipamento. No caso das cisternas de cimento, quando era danificadas os próprios moradores da comunidade faziam o reparo.

E com isso, de discurso e medidas paliativas  entra governo sai governo e nada de se buscar uma solução concreta e efetiva para o problema. Se cada um fizesse a sua parte (principalmente os políticos) da mesma forma dedicada e entusiasmada com que se articulam nos bastidores do poder para alcançar objetivos e vantagens pessoais, talvez a situação no Nordeste fosse muito, muito diferente.

É bom pensar nisso, afinal ano que vem tem eleição outra vez, e por sinal a campanha já começou.

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